Não é novidade para ninguém que o Brasil possui grande capacidade de produção de bens agropecuários, como: café, soja, laranja, carne de boi e carne de frango. O que não é tão óbvio, entretanto, é que para obtê-los, ou para facilitar a sua obtenção, é necessário o uso de determinadas tecnologias(fertilizantes e rações), em cuja composição são indispensáveis minerais denominados agrominerais. À seguir, mostraremos os principais agrominerais e suas características, são eles: potássio, calcário, enxofre, gipsita e fosfato.
Potássio
O potássio, elemento químico representado pela letra K, é principalmente extraído da silvita(KCl) e da carnalita(KMgCl3·6H2O), sendo que quase nunca é encontrado em sua forma nativa, ou seja, como substância em que o potássio é o único elemento químico presente. Desse modo, a formação deste mineral é associada a depósitos salinos de rochas evaporíticas, que cristalizam devido à processos de evaporação, de modo que, num ambiente onde tem-se sais dissolvidos em meio aquoso, suprimindo-se esta água, os sais precipitam. Sua principal função é relativa a processos metabólicos vegetais, sendo utilizado como composto em fertilizantes.
Calcário
O calcário é uma rocha típica de ambientes cársticos, locais em que as rochas são corroídas com facilidade devido à presença de agentes químicos, de forma que formam-se cavidades nestas, dando origem, por exemplo, a cavernas. Os principais tipos de calcário são o calcário calcítico que possui baixo teor de magnésio e o calcário dolomítico, com alto teor de magnésio. Além de participar de adubos, o calcário aparece no processo denominado calagem, que tem como objetivo corrigir a acidez do solo para viabilizar o plantio.
Enxofre
O enxofre é o elemento químico representado pela letra S, possui uma coloração amarela distintiva e odor fortíssimo. Pode ser obtido reagindo-se sulfetos e sulfatos e retirando-o do petróleo, além de poder ser encontrado de forma raríssima em fumarolas vulcânicas em estado nativo. Para a agricultura, o enxofre é primeiramente transformado em ácido sulfúrico e posteriormente aplicado em fertilizantes, participando na produção de sulfato de amônia.
Gipsita
A gipsita(CaSO4.2 H2O) é um sulfato de cálcio dihidratado. Sua gênese é relacionada a depósitos evaporíticos e vulcanogênicos. Na agricultura sua função é corrigir o ph de solos, sendo, entretanto, mais conhecida na construção civil, onde participa na produção de cimento.
Fosfato
No Brasil, a maior parte dos fosfatos tem sua gênese relacionada a processos magmáticos. Um dos principais fosfatos é a apatita, de fórmula química Ca5(PO4)3(F, Cl, OH). Os fosfatos são principalmente empregados na forma de ácido fosfórico em fertilizantes do tipo NPK, que providencia rápida reposição de nutrientes ao solo.
O setor de fertilizantes do Brasil
O Brasil possui vasto território, com cerca de 355Mkm² de solo com aptidão agrícola. Entretanto, somente 20% das terras agriculturáveis são aproveitadas, o que muita vezes contribui para a dependência de importações no brasil. A demanda brasileira por fertilizantes cresce anualmente de uma forma em que o país se tornou dependente da importação de agrominerais, o que é responsável pelo aumento da dívida e pelo efeito negativo na formação da balança comercial.
Com isso, surge a necessidade de busca de novas fontes de matéria-prima para o agronegócio. Desse modo, existe certo foco no desenvolvimento de projetos de pesquisa sobre o fosfato e o potássio, dois dos principais insumos para a agricultura. Segundo a Associação dos Misturados de Adubo do Brasil (Ama), 55% do fosfato e 96% do potássio são importados. Sendo assim, existem diversos projetos a respeito de remineralizadores de solo, alternativa que pode oferecer melhor recuperação das áreas de plantio, utilizando descartes da mineração e se tornando um produto importante para a agricultura.
Projeções
Portanto, com a estreita relação entre agricultura e mineração, a maior oferta de fertilizantes contribui para uma maior produção de commodities agrícolas. Desse modo, existem projeções que indicam que a produção agrícola brasileira vai saltar dos 250,9 milhões de toneladas (2019/20) para 318,3 milhões de toneladas, aumento de 27%. Sendo assim, é imprescindível para o Brasil um maior foco em pesquisas para insumos agrícolas. Dessa forma, a produção de fertilizantes convencionais e também alternativos nos torna menos dependentes de importações, trabalhando na base da cadeia de produção de setores que fomentam a riqueza do país.
Autor: Lucas Barrote
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