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Paleoclimatologia: o passado, presente e futuro do clima terrestre

Geleiras e icebergs

Foto de uma geleira

Muito se fala sobre as mudanças climáticas que temos vivenciado nos últimos anos. Mas você sabia que essas mudanças seguem determinados padrões e que esses padrões podem ser estudados? A ciência que aborda esses fatores é a paleoclimatologia.

Uma das maiores preocupações quando falamos em estudar o clima é entender o agravamento do aquecimento global. Com essas informações em mãos podemos estimar como essa situação se agrava. E, assim, criar estratégias para reduzir esse quadro e manter o planeta para as próximas gerações. 

A paleoclimatologia entra como ferramenta para esse estudo e você entenderá sobre ela abaixo.

O que é a paleoclimatologia?

A paleoclimatologia nada mais é que o estudo dos climas de outros períodos da pré-história. Esse estudo serve para criar gráficos, comparações e análises que nos ajudam a entender como acontecem as mudanças climáticas no planeta Terra ao longo das eras. Assim, é possível estimar o futuro do clima. 

Esses estudos levam em conta a estrutura de fósseis e árvores petrificadas, a composição do gelo, rochas sedimentares, entre outras evidências.

Qual a importância da paleoclimatologia?

Se engana quem acha que os paleoclimatólogos são só um povo com um parafuso a menos criando teorias da conspiração. 

Não apenas busca entender sobre a dinâmica de alteração do nosso planeta, como também, o estudo da paleoclimatologia, nos ajuda a entender sobre os seres vivos que habitaram aqui muito antes de nós.

Além disso, com o entendimento das alterações cíclicas a qual estamos sujeitos, conseguimos avaliar o que está sendo agravado pelo homem e trabalhar soluções para essas ações.

Técnicas utilizadas na paleoclimatologia

Como não é possível fazer o estudo desses climas de eras passadas com o auxílio da tecnologia e do maquinário que dispomos hoje em dia, temos que utilizar outras técnicas. Algumas dessas técnicas são:

Estudo de geleiras:

Muito pode ser extraído dessa técnica. Um exemplo é a quantidade de chuvas que determinada época recebeu, graças a espessura das camadas de gelo. E até mesmo a média da temperatura em determinada era pelos isótopos de oxigênio e hidrogênio.

Espessura de geleiras diz muito sobre o índice pluviométrico do local. Fonte: Imagem de Luis Valiente por Pixabay.

Datação por carbono-14:

A datação através de isótopos radioativos de elementos é realizável graças a um fenômeno chamado decaimento. O decaimento radioativo ocorre porque quanto maior a quantidade de prótons no núcleo de um elemento, mais difícil é para os nêutrons manterem a estabilidade da estrutura. Dessa forma, átomos começam a ser expulsos do núcleo do elemento e este se torna instável. O decaimento ocorre até que o átomo atinja a estabilidade. 

No caso do carbono 14, ele é o isótopo radioativo do carbono 12 e é utilizada para a datação orgânica. Ou seja, com essa técnica conseguimos datar seres vivos. O carbono 14 e o carbono 12 permanecem na mesma proporção enquanto o organismo está vivo, porém quando este morre, começa o processo de decaimento do carbono 14 e então é calculada sua proporção em relação ao carbono 12 para se chegar a idade do organismo.  

A meia vida do carbono 14 é de 5600 anos.

Estudo de Corais:

Os corais podem nos fornecer muitas informações sobre a formação e as alterações sofridas pelos oceanos ao longo das eras geológicas. Uma das maneiras de fazer isso é observando a alteração de cor de um coral, de onde retira dados como a alteração de temperatura daquela região além da evolução daquele coral. 

Outra maneira é avaliando a alteração de metais em sua composição carbonática, que traz também informações sobre a temperatura a que aquele coral esteve submetido ao longo dos anos.

Estudo de grãos de pólen:

Nas camadas sedimentares depositados ao longos dos milhares de anos podem ser encontrados grãos de pólen. Esses grãos são estudados para entender de que espécies de plantas podem ter vindo e a partir daí mapear seu crescimento e regionalidade no momento de deposição daquele sedimento. 

Esses grãos também podem ser retirados de camadas de sedimentos em fundos de lagoas, lagos ou oceanos.

Causas das variações climáticas

A Terra experimenta, de eras em eras períodos muito quentes conhecidos como HotHouse e períodos igualmente frios chamados de IceHouse. Apesar das alterações e dos aumentos experienciados pela humanidade nos últimos anos, estamos hoje em um período de IceHouse, ou Terra Fria. É estranho pensar nisso né? Mas calma. 

Quando fala-se de períodos de Terra Bola de Fogo ou as conhecidas Eras do Gelo, não necessariamente o planeta fica em temperaturas extremas o tempo todo. Tem-se curvas de temperatura exponenciais porém com alterações abruptas. Essas alterações podem ocorrer por uma radiação anormal liberada pelo nosso astro maior, o Sol, ou pelo aumento do nascimento de estrelas próximo a nossa galáxia, que altera a quantidade de radiação emitida na galáxia e, assim, altera a dinâmica de temperaturas do planeta. 

No fim das contas, não tem-se uma equação certinha mas uma tendência quando falamos desses grandes períodos.

Histórico terrestre

Como já dito, quando falamos da variação das temperaturas do planeta ao longo dos seus bilhões de anos, podemos citar alguns eventos bem importantes de aquecimento e resfriamento. Apesar de poderem ter causado até mesmo extinções em massa, esses eventos foram muito importantes para moldar o planeta Terra como ele é hoje. 

Um dos eventos mais expressivos no histórico terrestre é o que chamamos hoje de Terra Bola de Neve. Essa foi uma era glacial ocorrida entre 750 e 580 milhões de anos atrás. Ela foi a pior era glacial que tivemos e seu potencial destrutivo foi muito grande. 

Na ocasião, o planeta perdeu sua capacidade de reter calor, causado por uma redução de 6% na radiação solar e à redução na produção dos gases de efeito estufa. Nesse sentido, o planeta foi aquecido pela atividade vulcânica.

Expedição Viking e a paleoclimatologia. Fonte: Imagem de Lothar Dieterich por Pixabay.

Outro evento muito importante é conhecido como Período Quente Medieval. Ele ocorreu no século XIV e uma curiosidade sobre essa época de aquecimento é que as navegações vikings, que foram em busca de conquistar novas terras, só foram possíveis graças a esse período. Suas evidências se baseiam na falta de gelo na região da Islândia, observada através da geologia. 

O futuro do clima na Terra

O clima, hoje, pode parecer maluco, mas ele pode piorar muito em 80 anos. 

Um estudo da NASA mostrou como seriam as temperaturas do planeta em 2100 e imagine só os polos com temperaturas de -10°C? Lembrando que os pólos costumam ter uma temperatura média de -42°C. 

Esse aumento deve-se a maior quantidade de partículas de dióxido de carbono no ar. Em uma projeção para 2100 serão, surpreendentemente, 900 ppm (partes por milhão). A saber, no último cálculo em 2015, chegamos a 400 ppm de dióxido de carbono na atmosfera terrestre.

Como será nosso planeta em 2100? Fonte: NASA.

Consequências

O dióxido de carbono aumenta graças às ações antrópicas, ou seja, causadas pelo homem. Essas aceleram o efeito estufa e aumentam assim a retenção de calor do planeta. Tudo isso aumenta a temperatura e a sensação térmica que sentimos. 

Escala de temperatura para 2100. Fonte: Reprodução NASA.

Se imaginou em um local com uma temperatura de 40°C todos os dias? E já imaginou a sensação térmica gerada por essa temperatura? Para remediar esse futuro que reuniões e acordos como o Acordo de Paris existem e são tão importantes. 

Esses acordos visam o controle da emissão de gases que aceleram o efeito estufa e visam manter a estabilidade do aumento das temperaturas do planeta. 

Em 2017 foi registrado um aumento dessa emissão, mesmo com o acordo, após 3 anos de hiato, e a ONU Ambiente declarou sua preocupação com essa situação, levando a questão para a COP 24. 

Se preocupou com essa situação? Busque mais informações na página da ONU Meio Ambiente

 

Autora: Gabriella Lorena

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