A areia está presente, basicamente, em todos os lugares da nossa vida. Ela é utilizada na fabricação de vidro, de papel, de cosméticos, na produção de computadores e, principalmente, na construção civil. Por isso a importância de conhecer e estudar alguns tipos de areia.
O que é uma areia?
Para uma melhor definição do que vem a ser uma areia é de suma importância levar em consideração a Escala de Wentworth. Esta é entendida como uma classificação dos sedimentos de acordo com sua granulometria. Tendo como base a escala mencionada é plausível dizer que a areia nada mais é que uma classificação do tamanho de um grão. De modo que, para ser considerado areia, o grão precisa estar contido no intervalo granulométrico entre 0,062 – 2,0 milímetros.
Além do tamanho, a descrição dos grãos de areia podem ser realizadas pela forma e pela maneira como são sentidos pelo tato. Quanto à forma, é possível descrever o grão avaliando sua feição exterior e considerando seu grau de esfericidade (circular ou esférico). Ademais, quanto a característica superficial do grão, se lisa (grão arredondado) ou se rugosa (grão anguloso). Dessa forma, a classificação de um grão é bem diversificada, alguns são irregulares ou ásperos, outros lisos e polidos, podem ser duros ou macios.
Vale destacar que a forma do grão sofre interferência de alguns fatores. Entre eles, o modo de transporte do sedimento (fluvial, eólico) e a duração desse deslocamento.
Como a areia é formada?
A areia é um agregado miúdo que possui origem tanto natural quanto artificial. A areia que é produto da ação de agentes da natureza é natural e aquela que é resultado de processos industriais, tal qual a britagem.
Dentre os tipos de areia formados pela natureza, o mais comum é a areia resultante de processos erosivos, em que a água ou o vento age sobre uma rocha fragmentando-a em partículas minúsculas.
Outro tipo de formação da areia estabelece uma relação com os seres vivos. Quando moluscos, corais e outros seres marinhos morrem, o oceano age sobre seus esqueletos ou conchas desgastando-os e reduzindo-os em partículas menores.
O terceiro tipo, e também menos comum, é resultado da dissolução de minerais em água. Ou seja, quando a água seca alguns minerais permanecem na superfície na forma de cristais semelhantes à areia.
Tipos de areia e suas aplicações
Existem diferentes tipos de areias que, graças a suas propriedades específicas, possuem destinações diversas. Sendo assim, com o intuito de padronizar algumas de suas aplicações, a Associação Brasileira de Normas (ABNT) cria regulamentações, como a ABNT NBR 7214:2015 que especifica a areia normal para ensaio de cimento. Outro exemplo, é a NBR 7211:2009 (alterada em junho de 2019) que especifica os requisitos exigíveis de agregados para o concreto.
Areia lavada e fina
Esse tipo de areia é retirado de leitos de rios oriundos da lavagem natural das águas dos próprios rios. Sua principal propriedade é justamente seu caráter de limpeza, de modo que não pode haver quantidades prejudiciais de argila, terra ou de substâncias orgânicas. Ela é empregada principalmente para revestimentos e traço para reboco. Devido ao diâmetro fino, que de acordo com a NBR 7211 pode partir de 0,05 mm até 0,42 mm, sua liga é bem menos resistente e, por isso, não pode ser usada exclusivamente para fazer cimento.
Areia média
A areia média assume o posto de tipo de areia mais utilizados na construção civil. Haja vista que, sua propriedade de diâmetro dos grãos (0,42 mm a 2,00 mm – NBR 7211), permite que seja utilizada para argamassas de assentamentos de blocos e tijolos. Ela também pode ser destinada para áreas de lazer, como quadras de futebol e vôlei de areia.
Areia grossa ou vermelha
É a areia que mais se destina para processos de fundamentos e fabricação de concreto de contrapiso ou laje. Difere-se da areia lavada por possuir mais liga e recebe o nome de areia vermelha, pois se mistura com terra. Graças ao diâmetro dos grãos entre 2,00-4,00 mm (NBR 7211), o seu refinamento não despende muito cuidado.
Areia usinada
A areia usinada é obtida a partir da britagem de rochas e pode substituir a areia fina e lavada se todos os processos forem seguidos corretamente.
Areia reciclada
A areia reciclada tem sua origem da moagem de resíduos de obras antigas, materiais de demolição e de entulhos. O fato de ser reciclada faz com que essa seja o tipo mais barato de areia, além de causar menos impacto ambiental. A norma que abrange essa classificação é a NBR 15.116.
Areia de praia na construção civil
Em geral, as areias de praia não são usadas na construção civil devido à irregularidade dos grãos e a quantidade de sal. Uma vez que, ele impossibilita que a secagem da areia ocorra de forma correta, e com isso prejudica a fabricação de argamassa e concreto.
No Brasil, já foram realizados testes para averiguar a possibilidade de utilização de areias marinhas como agregado na construção civil. Em 2007, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará, verificou-se que, em relação à presença de sal, mais de 90% da areia era considerada não salina. Além disso, a granulometria, a reatividade potencial e a presença de material pulverulento apresentaram resultados satisfatórios. Contudo, foi constatado a presença de CaCO3 o que poderia inviabilizar a exploração da areia.
A título de curiosidade, a areia do deserto também não pode ser usada na construção civil, por possuir grãos muito finos e redondos.
Impactos ambientais causados pela extração da areia
A atividade de mineração dos diferentes tipos de areia é considerada pela Resolução 369/2006 do CONAMA como de interesse social devido sua incontestável colaboração socioeconômica. Todavia, a atividade também proporciona impactos socioambientais negativos, pois altera as características naturais do local onde a areia é extraída. Por exemplo, as extrações nos leitos dos rios podem causar inundações, a dragagem em alto mar pode destruir os ecossistemas, e se realizada muito perto da costa pode levar a retração da praia, já que a areia preenche os espaços vazios. Ademais, as fontes de areia levam milhares de anos para se renovar. Portanto, é extremamente necessário que essa extração seja feita com tecnologia adequada e de forma a assegurar a prosperidade do meio ambiente.
Autor: Gustavo Dayrell Botelho
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