O planeta está vivendo uma nova era geológica?

    Há algum tempo têm-se discutido por cientistas de grandes polos de pesquisa no Brasil e no mundo, a possibilidade de estarmos presenciando uma nova Era geológica. O Antropoceno, nome dado a essa nova era, sucede o Holoceno, iniciado há 11.170 no fim da última glaciação terrestre. Essa nova era se justifica pela intensidade das modificações físicas e ambientais do planeta, principalmente a partir do século XX.

O que marcou o início do Antropoceno?                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

    A entrada nesta nova era geológica pode ter acontecido em meados do século passado. Ela foi marcada por alterações profundas na face do nosso planeta, ocasionadas principalmente pela ação humana. A data formal de início desta nova era ainda não foi definida, mas alguns estudiosos acreditam ser algo em torno da década de 1950. Neste ano, o padrão de consumo humano aumentou consideravelmente.

    É nítido que nossa sociedade passa por modificações cada vez mais rápidas. Para se ter ideia, na Revolução Francesa , final do século XVII, mais da metade da população francesa morava no campo. Em contrapartida, hoje cerca de 70% vivem em grandes cidades, como Paris e Marselha, alterando completamente a dinâmica demográfica e social do espaço. A evolução das relações econômicas e o elevado grau de consumismo no mundo, têm como consequência profundas transformações na geologia terrestre.

    No solo, por exemplo, os testes de bombas atômicas e os acidentes radioativos espalharam substâncias e componentes químicos, alterando suas escalas e teores. No ar, a grande emissão de metano e gás carbônico  modificou, além de sua composição, o ciclos das chuvas. A poluição oriunda do consumo de combustíveis fósseis e o impacto gerado por ela na natureza. Temos como exemplo, acidificação dos oceanos e camadas de fuligem depositadas sobre este são indícios de marcas estratigráficas que comprovam a mudança da era geológica.                                                                                                                                                                                                                                                                                     

    Ao levar todos esses fatores e suas causas em consideração, comparando o tempo para que ocorressem as modificações recentes com o tempo em que elas aconteceriam naturalmente, na escala geológica, são mudanças absurdamente rápidas. Este é um dos principais argumentos utilizados pelos estudiosos que defendem a criação desta nova era.

Quais as maiores evidências do Antropoceno?

    Há uma dificuldade conceitual de entender que no período de uma vida humana, nossa espécie – que existe há pouco tempo – mudou profundamente este planeta de bilhões de anos. Até chegarmos, as únicas forças atuantes no planeta eram as geológicas, as quais mudaram,e mudam, gradativamente a dinâmica terrestre. O impacto repentino causado pela espécie humana têm provocado alterações radicais.

    As evidências se tornam cada vez mais nítidas, desde imagens de transformações globais feitas por satélites, passando por extinções locais de borboletas e eventos climáticos extremos. No entanto, definir uma nova era é uma tarefa difícil e nova para os geólogos, uma vez que estes precisam analisar as evidências simultaneamente às modificações, necessitando determinar o início de uma época cuja paleontologia e geologia ainda estão sendo criadas. Ainda não há um estrato bem definido nas camadas de rochas e superfície terrestre que simbolize, com certeza, o ‘Antropoceno’. Caso seja decidido que entramos em uma nova era, serão necessárias justificativas com base em análises amostrais dos solos, que mostrem a “assinatura” desta, refletindo uma alteração em escala global, não apenas local.

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