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SAGA: O maior aquífero do mundo.

 

Se alguém dissesse que o Brasil possui um verdadeiro oceano, capaz de abastecer o mundo inteiro de água por até 250 anos, como as pessoas reagiriam? Pois bem, isso não é uma ilusão, mas sim o maior aquífero do mundo, conhecido como SAGA.

Chamado pelos cientistas de Sistema Aquífero Grande Amazônia, a magnitude deste oceano subterrâneo só foi percebida em meados de 2013. Para se ter ideia, o SAGA pode ser dito como quatro vezes maior do que o Aquífero Guarani, outro importante abastecedor e água para o Brasil.

Ainda que faça parte da hidrogeologia de Alter do Chão, vale salientar que o SAGA não está 100% dentro do Brasil, abrangendo outros países da América do Sul como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Todavia, dos 162.520 km³ de água disponíveis nele, 124.500 km³ estão dentro do território nacional.

Mapa da região ocupada pelo SAGA, somente em território brasileiro.
Mapa da região ocupada pelo SAGA, no Brasil. Fonte: Sistema Aquífero Amazonas.

 

O que é um aquífero?

Mas afinal, o que é um aquífero? Basicamente, os aquíferos se caracterizam como uma formação geológica capaz de armazenar e transportar água através do subsolo.

Caso queira saber mais sobre os aquíferos e sobre sua importância em linhas gerais, clique aqui e vá direto para um texto exclusivo sobre aquíferos, aqui mesmo no blog.

Mas como será mostrado ao longo do texto, é importantíssimo saber diferenciar os tipos de aquíferos de acordo com sua porosidade, que são:

  • Aquífero Poroso ou Granular – Quando a água é armazenada nos espaços entre os grãos da rocha ou solo. Ocorre em rochas sedimentares clásticas.
  • Aquífero Fissural ou Fraturado – Quando a água é armazenada nas fraturas interconectadas da rocha. Ocorre em ígneas e metamórficas onde as fraturas são localizadas em regiões de fraqueza preferencial.
  • Aquífero Cárstico – Quando a água é armazenada nos condutos e canais de rochas carbonáticas.
Imagem ilustrando , de forma rasa, os tipos de aquífero.
Tipos de Aquíferos. Fonte: estudandoaquíferos.

Qual a importância dos aquíferos?

Já não é tão incomum assim ouvir que a próxima grande guerra mundial será determinada pela água e sua escassez. Nesse contexto, surge a importância dos aquíferos para a humanidade.

Além de serem a segunda maior fonte de abastecimento de água doce do mundo, ficando atrás apenas das geleiras e glaciares, essa formação geológica é de extrema importância para o estudo da evolução da crosta terrestre, no que tange a estratigrafia e a sedimentologia.

Outra grandíssima importância dos aquíferos diz respeito à capacidade de serem contaminados e mal explorados: é aí que entra o importante termo ”Áreas de Recarga”.

As áreas de recarga são os locais por onde a água abastece os aquíferos e podem ser divididas em dois tipos:

  1. Recarga direta – diretamente relacionada à topografia e geografia do ambiente, além da vegetação natural que aumenta o índice de permeabilidade dos solos. Nela, os rios influentes são responsáveis por abastecer os aquíferos,
  2. Recarga indireta – ocorre em aquíferos que não possuem contato direto com a atmosfera, que são abastecidos através de outras rochas ou outros aquíferos.

Para que os aquíferos mantenham seus altos padrões de qualidade, é imprescindível que as áreas de recarga sejam mantidas e preservadas, com presença de vegetação natural, longe de fontes contaminadoras como indústrias, zonas com incidência de agrotóxicos e/ou sem saneamento básico.

Como e por que ocorre a contaminação dos aquíferos?

Não é de hoje que o solo vem sendo utilizado como local de descarte para quaisquer resíduos. Contudo, a sociedade vem se tornando tão complexa que a proporção de resíduos despejados tem aumentado drasticamente, ultrapassando a capacidade do solo de reter poluentes.

Diante disso, ainda que sejam mais protegidas do que as águas superficiais, as águas subterrâneas são contaminadas quando os poluentes ultrapassam a porção não saturada do solo.

Mas quais são as fontes que emitem tais poluentes? Inúmeras. Lixões, aterros mal operados, efluentes e resíduos em atividades indústriais, atividades minerárias que expõem o aquífero, sistemas de sanemaneto ”in situ”, uso incorreto de agrotóxicos/fertilizantes e muitas outras.

O contexto do SAGA não é diferente. Em oposição ao Aquífero Guarani, que possui acesso apenas por suas bordas, as águas do Sistema Aquífero Grande Amazônia são permanentemente livres, e de acesso mais fácil. Logo, a contaminação urbana nas grandes e médias cidades, a alta incidência industrial por sobre regiões do aquífero e a exploração indevida, e até mesmo ilegal, por parte de madeireiras tem causado um impacto negativo na qualidade das águas do SAGA.

O que são rios influentes e efluentes?

Outra importante diferenciação para sistematizar o entendimento dos aquíferos, e consequentemente do SAGA, é a classificação dos rios com base nas relações de drenagem com as águas subterrâneas (os aquíferos).

Nesse contexto, um rio influente é aquele que perde água para o subsolo por infiltração, ou seja, que abastece um aquífero. Em contraponto, um rio efluente é aquele que recebe água do subsolo, aumentando sua vazão e drenando parte da água dos aquíferos.

Essa classificação é explicada da seguinte forma: se o fundo do rio está acima da zona saturada do solo, a água que escoa pelo rio pode infiltrar, formando um rio influente.

Como atua o maior aquífero do mundo

Como citado anteriormente, o Sistema Aquífero Grande Amazônia possui 162.520 km³ de água disponíveis, o equivalente a mais de 150 quatrilhões de litros de água doce. Tendo como base as taxas anuais de consumo mundial de água, é possível afirmar que somente o SAGA poderia abastecer toda a população mundial por 250 anos.

É importante esclarecer que esse altíssimo volume é formado pela união de 4 bacias sedimentares diferentes, como ilustrado no quadro abaixo.

Quadro com as bacias que compõe o SAGA, e seus volumes.
Bacias componentes do SAGA. Fonte: Águas Subterrâneas.

Após uma série de cálculos e análises litoestratigráficas, foi comprovado que o SAGA teve sua formação durante o Período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.

A relação do SAGA para com a vegetação amazônica é basicamente de interdependência. Sem um, o outro não existiria. E mais, é desta relação entre aquífero e floresta que advém todo o regime de chuvas que chegam ao Sudeste e ao Centro-Oeste. Portanto, pode-se dizer que sem o SAGA, parte do agronegócio brasileiro estaria comprometido.

Por fim, vale a pena esclarecer sobre a situação do SAGA. Embora já tenha sido comprovada seu altíssimo potencial abastecedor, a exploração deste aquífero não envolve um processo fácil. Cidades como Santarém, Manaus e Alter do Chão já utilizam do aquífero como fonte de abastecimento, mas a complexidade do sistema, composto por grandes rios, com camadas sedimentares de diferentes profundidades impede uma fácil exploração.

 

Autor(a): Henrique Araujo

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