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Desertos no Brasil: Uma Nova Realidade da Caatinga

 

Durante o período escolar, nas aulas de geografia, aprende-se que o Brasil não tem desertos. Embora dentro do território nacional tenha regiões muito secas, todas registravam o mínimo de chuva possível que impedia a criação deste bioma bastante árido. Entretanto, esta não é mais uma realidade do nosso país, pois uma área três vezes maior que o estado do Rio de Janeiro já pode ser classificada como deserto no sertão nordestino.

Caatinga – Nordeste brasileiro

Antes de tudo, o que define um deserto?

Resumidamente, os desertos são paisagens áridas que recebem pouquíssima ou nenhuma precipitação de chuva anual, provocando um solo empobrecido e seco, o que, consequentemente, torna a região insustentável para o desenvolvimento da vida. Alguns exemplos de desertos quentes pelo globo são: o Saara, no norte do continente africano; o Atacama, no Chile e Argentina, e o deserto da Arábia, localizado no oriente médio. 

Vale ressaltar que também existem os desertos frios! Estranha essa afirmação, mas sim, é verdade. Como explicado anteriormente, estas regiões desérticas são ambientes que recebem quase nenhuma precipitação pluviométrica, o que se encaixa às áreas polares. Sendo assim, a Antártida e o Ártico são desertos cobertos de neve. Outro exemplo curioso é o planeta Marte, que tem temperatura média de -55ºC e é totalmente sem nenhuma presença de água líquida, o que o torna em um imenso deserto gélido.

A Caatinga: Riqueza Exclusiva Brasileira

A Caatinga é o quarto maior bioma do país, representando cerca de 11% de todo o território nacional, que abrange todos os estados do Nordeste e uma porção norte de Minas Gerais. É um ecossistema totalmente único no mundo, com uma imensa biodiversidade que se adaptou há milhares de anos ao clima semi-árido da região com longos períodos de secas. Atualmente, estas condições chegaram em níveis extremamente alarmantes, devido, sobretudo, às ações antrópicas, deixando de abrigar espécies endêmicas e adaptadas ao bioma. 

Vegetação e Paisagem da Caatinga
Vegetação e Paisagem da Caatinga. Autor: Matheus Pereira – Governo da Bahia.

 

Desertificação: O que é e quais suas consequências

Nos últimos anos, a Caatinga sofreu um alto processo de desertificação, ou seja, o avanço da destruição do potencial produtivo da terra por meio de atividades humanas em regiões caracterizadas por climas áridos e semiáridos. Isto afeta principalmente os ciclos de chuva (já escassos), a preservação do ecossistema endêmico, a média de temperaturas anuais e os nutrientes presentes no solo. Em suma, a perda de diversidade da fauna e da flora, deixando o ambiente estéril. 

Desde de 2012, a Universidade Federal do Alagoas (UFAL) monitora os índices de desertificação na Caatinga e, infelizmente, os resultados não são os melhores. Cerca de 13% de toda a região do semiárido já está em processo avançado de desertificação, o que é um panorama praticamente irreversível. A área desse desastre já alcança cerca de 130 milhões de km2, que se compara ao território da Inglaterra ou da Grécia. Vale lembrar que essa região não é contínua, elas são localidades, desenvolvendo em núcleos que a vegetação foi desaparecendo. Embora estas áreas não estejam ligadas geograficamente, isto não retira o alarme para a destruição da Caatinga, a qual tem perdido sua área para novas regiões definidas como desertos por pesquisadores. Um dos exemplos de forte desertificação é o município de Cabrobó (PE), que nos últimos 40 anos perdeu basicamente toda a sua vegetação, mesmo sendo vizinha ao rio São Francisco.

Fonte: www.lapismet.com

Por que novos desertos no interior nordestino?

Humberto Barbosa, coordenador do laboratório da UFAL que monitora os índices de desertificação do semiárido brasileiro, acredita que este processo não é natural e que tem culpa exclusivamente de ações humanas. A ocupação do solo na Caatinga se expande com rapidez nos últimos anos, na qual muitas vezes desconsidera a legislação de preservação do bioma, destruindo a vegetação para o cultivo de soja e criação de gado. Um grande exemplo é a região de matopiba, área que abrange os estados do MA, TO, PI e BA, que expande seus negócios no setor da agricultura desde os anos 80.

Com o avanço de cultivos, a Caatinga foi vítima dos processos de desmatamento, mas também de secagem dos seus aquíferos para a irrigação. Ambos fatores intensificaram a desertificação na região. Além disso, o aquecimento global é outro atuante para o aumento das temperaturas locais, o que prejudica a contenção de água no solo, destruindo o potencial de reserva hídrica subterrânea. Consequentemente, isto atinge bastante as comunidades do sertão nordestino e os ecossistemas da caatinga.

Mapa da região do Matopiba.

Como essa ocupação do solo tem acelerado a desertificação na caatinga?

As pessoas envolvidas ao agronegócio (muitas vezes ilegal na região) derrubam a mata nativa e depois ateiam fogo, para assim facilitar a plantação de capim para criação de gado. Estes animais pesados pisoteiam durante alguns anos o solo, compactando o terreno até o ponto de nenhum cultivo conseguir se desenvolver, nem mesmo o capim. Por fim, quando chegam os períodos chuvosos, a água participa do processo de lixiviação, empobrecendo o solo pela perda de seus nutrientes. 

 

Conclusões

A Caatinga é um bioma que ocorre exclusivamente no Brasil, não existindo similares no globo, entretanto sofre alta destruição por falta de fiscalização ou qualquer plano de ação governamental. Seria necessário desenvolver projetos de preservação, semelhantes aos que existem ligados à Amazônia, para que ocorram inspeções contra atos ilegais. Portanto, sem atuações eficazes em relação às mudanças climáticas, ao desmatamento e ao uso indevido do solo na Caatinga, as áreas de deserto no sertão nordestino serão ainda maiores e suas consequências imensuráveis. 

 

Autor: Luiz Felipe Pacheco

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Palavras-chave: Caatinga; Desertificação;

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