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Aproveitamento sustentável dos resíduos de rochas ornamentais

Aproveitamento sustentável de resíduos de rochas ornamentais em materiais da construção civil. Fonte: Insight.
 

A indústria de rochas ornamentais e de revestimento apresenta grande relevância econômica para o Brasil. Aparecemos no cenário mundial como o quarto maior produtor, antecedido por China, Índia e Turquia, respectivamente. O país produz milhões de toneladas de rochas ornamentais, mas em contrapartida, milhões de toneladas de resíduos de rochas ornamentais são produzidas anualmente, nas diversas etapas da lavra e beneficiamento. Perante essas circunstâncias, é necessário que haja busca por um aproveitamento sustentável dos resíduos de rochas ornamentais.

Diante desse cenário, é necessário a busca de alternativas para a redução e reaproveitamento desses resíduos gerados. No texto de hoje, falaremos sobre as principais alternativas para os resíduos de rochas ornamentais, resultado de pesquisas científicas e do desenvolvimento tecnológico.

Resíduos de rochas ornamentais

Segundo Chiodi Filho (2019), em 2018, o país produziu 9 milhões de toneladas de rochas ornamentais e exportou 2,2 milhões de toneladas para 120 países. No entanto, estima-se, que os resíduos do processamento geraram 3,26 milhões de toneladas. Sendo que 2,12 mi t foram de resíduos finos (pó de rocha) e 1,14 mi t de resíduos grossos (casqueiros e aparas).

Balanço de produção, consumo e resíduos de rochas ornamentais no Brasil em 2018. Fonte: Isadora Andrade Bastos.
Balanço de produção, consumo e resíduos de rochas ornamentais no Brasil em 2018. Fonte: Isadora Andrade Bastos.

Segundo Vidal (2014), as distintas etapas de produção da indústria geram perdas significativas. Somente no desdobramento dos blocos em chapas, cerca de 40 % do material é perdido em forma de resíduos de serragem. Isso sem levar em conta o volume de resíduo gerado nas jazidas durante a extração do material rochoso das bancadas.

O elevado volume de resíduos, se apresenta em forma de lama abrasiva do beneficiamento de rochas ornamentais ou resíduos sólidos, como casqueiros, cacos e lâminas e granalhas desgastadas (BRAGA et al., 2010). Um dos fatores associados é o baixo investimento em tecnologia pelas empresas de pequeno e médio portes, que é maioria no setor de beneficiamento.

Para saber mais sobre a problemática dos resíduos de rochas ornamentais, as principais etapas geradoras de resíduos, assim como os impactos gerados pela atividade, leia nosso texto aqui.

Aproveitamento sustentável dos resíduos

Primeiramente, eliminar ou o reaproveitar os resíduos industriais gerados é um dos grandes desafios para mitigar os impactos ambientais.

Em segundo lugar, pesquisadores ligados ao setor,  desenvolvem estudos sobre as possíveis aplicações dos resíduos oriundos do beneficiamento de rochas, como subproduto em outros segmentos industriais. Por exemplo, na fabricação de concretos, argamassas, materiais cerâmicos, correção da acidez do solo, agregados, blocos para pavimentação.

Apresentaremos alguns projetos desenvolvidos com intuito de reaproveitar esses resíduos. Segundo o artigo “ Impactos ambientais no setor de rochas ornamentais no Espírito Santo e alocação e reaproveitamento de seus resíduos”, publicado em 2016, várias projetos são apresentados, aos quais serão citados abaixo, uns como o objetivo de otimizar os processos e outros com o intuito de reaproveitamento dos resíduos gerados.

Ecotear

Segundo Souza (2007), uma aplicação interessante é o Ecotear, desenvolvido pelo empresário e engenheiro Aristides Fraga Filho. Ademais, ele consiste em um equipamento que dispensa o uso da água e da cal no processo de corte nos blocos de rochas, que são desdobrados em placas. Assim, a lama, originada da mistura do pó do granito com a água e cal, fica eliminada. Outra vantagem dessa inovação é o aumento de eficiência no processo de desdobramento de blocos em chapas, com redução significativa do consumo de energia de, no mínimo, 30%. Ainda assim, existe um aumento da velocidade de corte dos blocos de granito, atingindo até três vezes mais que o convencional.

Além das vantagens apresentadas, o Ecotear favorece o meio ambiente por reduzir o consumo de água no processo de serragem. Estima-se uma economia de aproximadamente, 5 mil litros de água por dia.

Ecotear apresentado na feira de Vitória (ES). Fonte: Souza,2007.
Ecotear apresentado na feira de Vitória (ES). Fonte: Souza,2007.

Sistema de Reaproveitamento da Água

Uma forma de tratar a lama abrasiva é a aplicação de um sistema com filtro prensa, como mostrado abaixo.

Esquema de tratamento da polpa e recuperação da água. Fonte: Souza, 2007.
Esquema de tratamento da polpa e recuperação da água. Fonte: Souza, 2007.

O sistema consiste na captação da lama dos tanques (A), onde adiciona-se um floculante, por meio do dosador (B). Essa mistura é bombeada para um decantador (C), a lama é deposita no fundo do decantador e é levada por um duto até o filtro prensa (E). Neste local, otimiza-se a retirada de água da torta formada com o uso de um filtro prensa. A água restante do filtro prensa possui uma pequena quantidade de lama e retorna ao tanque de captação para início de um novo ciclo. Enquanto isso, os blocos de lama desidratados são destinados aos aterros. Além disso, conduz-se a água vinda do decantador (C) para um tanque de água tratada (F), retornando as máquinas para reutilização nos processos (SOUZA,2007).

A inserção do filtro prensa na separação sólido-líquido, possibilita a destinação e reutilização desses resíduos para diversas funções. O emprego na produção de materiais de construção, assim como a disposição em barragens ou aterros são opções responsáveis, principalmente como meio ambiente, minimizando os impactos gerados pela disposição incorreta.

Criação de vidros a partir de aproveitamento sustentável de resíduos de rochas ornamentais

Pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCT), no Rio de Janeiro, tem o objetivo de uso de resíduos de rochas ornamentais. Uma dessas pesquisas visam a criação de vidro, tendo como objeto os resíduos de granito e mármore.

Os resíduos sólidos gerados no beneficiamento destas rochas apresentam elevado potencial de reciclagem como matéria-prima para fabricação de vidros, devido à presença de alguns óxidos em sua composição como o Na2O, o MgO, o CaO, o K2O, o Al2O3 e o SiO2.

Ademais a esses resíduos, mistura-se areia, carbonato de cálcio e sódio, para que a composição se aproxime das características do vidro comercial.

Pesquisadora Michelle Babisk mostrando pedaços de vidro (em detalhe à esquerda) produzidos no Laboratório de Tecnologia do INT. Fonte: Inovação Tecnológica
Pesquisadora Michelle Babisk mostrando pedaços de vidro (em detalhe à esquerda) produzidos no Laboratório de Tecnologia do INT. Fonte: Inovação Tecnológica

Remineralizadores

Pensando na Relação Mineração e Agricultura, temos uma aplicação muito importante para os resíduos de rochas ornamentais, que são os remineralizadores.

Remineralizadores: pó de rocha usado na fertilização dos solos. Fonte: Embrapa.
Remineralizadores: pó de rocha usado na fertilização dos solos. Fonte: Embrapa.

Certamente, a remineralização do solo, conhecida também como rochagem, é o nome que se dado à prática de aplicação direta de “pó de rocha”, ou de materiais finos resultantes da simples moagem de rochas, como fonte de nutrientes na agricultura. Outrossim, os fertilizantes químicos podem ser substituidos ou complementados pela remineralização. Além disso, a remineralização ganhou destaque com a regulamentação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em março de 2016.

Segundo Theodoro e Rocha (2005), as rochas utilizadas devem conter quantidades consideráveis não só de fósforo, potássio, cálcio ou magnésio, como também de micronutrientes. Os resíduos de granitos e carbonatitos  são empregadas para esse fim, mas ressalta-se a necessidade de classificação. Nesse caso, inclui-se a exigência de análises geoquímicas e mineralógicas que comprovem a eficiência de uso do produto, validando a eficiência agronômica do mineralizador.

Aproveitamento sustentável de Resíduos em Produtos da Construção Civil

Além dessas utilidades citadas, tem-se a aplicação na fabricação de diversos materias na construção civil, não apenas como concretos, argamassa, tijolos, agregados, blocos para pavimentação, materiais cerâmicos, entre outros produtos.

Aproveitamento sustentável de resíduos de rochas ornamentais em materiais da construção civil. Fonte: Insight.
Aproveitamento sustentável de resíduos de rochas ornamentais em materiais da construção civil. Fonte: Insight.

Mineração sustentável: Uma Realidade Necessária

A atividade minerária causa vários impactos, assim como pela disposição incorreta dos seus resíduos. Dessa forma, otimizar os processos e realizar o reaproveitamento desses resíduos torna a mineração mais sustentável. Dessa forma, estudos e projetos sobre a redução da geração de rejeitos, assim como o reaproveitamento, tem o grande potencial de reduzir volumes de rejeitos em barragens.

Conclui-se, então, que o aproveitamento sustentável dos resíduos de rochas ornamentais contribui para a sua destinação e otimização do processo. Além disso, o resíduo sendo parte na confecção de produtos, substitui matérias-primas que podem ser, muitas vezes, não renováveis.  Dessa forma, é um passo importante no conceito de sustentabilidade que queremos incorporar cada vez mais nos nossos processos.

 

Autor(a): Thaís Fonseca

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